comunicação
Notícias
Pacotes não funcionam sem transportes
Foram anunciados cerca de R$ 224 bilhões em crédito facilitado por bancos oficiais

O governo acaba de lançar o sexto plano de incentivos ao desenvolvimento industrial, desde a eclosão da crise mundial de 2008, com o objetivo de promover o crescimento. Somando todos e sem a preocupação de ajuste, foram anunciados cerca de R$ 224 bilhões em crédito facilitado por bancos oficiais e desonerações de pelo menos R$ 58,1 bilhões, sobre folha de pagamento, IPI e PIS/Cofins.
Apesar das medidas, o crescimento geral no período foi anêmico e o da indústria preocupante. O surpreendente crescimento industrial em fevereiro, de 1,3% frente a janeiro, não elide o fato de que o nível de produção ficou 3% abaixo do de setembro de 2008. Comparando com fevereiro do ano passado, a atividade teve a sexta taxa negativa, com recuo de 3,9%.
O grande obstáculo é o binômio produtividade/competitividade, seja no mercado interno, infestado por importações mais baratas, como no externo, pelo mesmo motivo. As medidas adotadas até agora são positivas, ajudam a apagar o incêndio, mas não têm o dom de elevar a competitividade nacional.
Na última edição do Global Competitive Index calculado anualmente pelo Banco Mundial, o Brasil ficou em 53º lugar entre 142 países. A boa colocação em setores como mercado interno (10º) e sofisticação do ambiente de negócios (31º) não compensa a defasagem no quesito qualidade da infraestrutura, em que ficamos no 104º lugar.
Já havia assinalado, no ano passado, que o atraso na infraestrutura de transporte e a falta de visão multimodal fazem com que os custos logísticos do Brasil correspondam a 11.6% do nosso PIB. Esse custo, nos Estados Unidos, é de 8,7% do PIB americano. Essa diferença de 3 pontos porcentuais do PIB no nosso custo em logística representa R$ 120 bilhões, quase o lucro total das 500 maiores empresas nacionais no ano passado, segundo a edição 2010/2011 de Melhores e Maiores, da Exame.
Custo que impacta a competitividade e as margens de lucro dos agentes econômicos brasileiros, reduzindo-lhes a capacidade de poupança e de investimento, o que desacelera o crescimento, eleva os preços finais e inibe o consumo.
Levantamento pela indústria nacional também aponta o Brasil como último no ranking do transporte, entre os seus 13 principais concorrentes (Rússia, Canadá, Coreia, África do Sul, Espanha, Austrália, Chile, México, China, Índia, Polônia, Colômbia e Argentina). Entre os 14 comparados, ficou em 14º lugar em infraestrutura portuária, em 13º em infraestrutura ferroviária e em 12º lugar em infraestrutura rodoviária – são pavimentados apenas 11% da malha nacional, e boa parte está em más condições.
Fica evidente, pois, a importância da infraestrutura de transporte no aumento da competitividade da indústria nacional . Apesar das evidências, pouco se tem feito para dotar o país de estradas, ferrovias, hidrovias, dutos, portos e aeroportos, integrados em multimodais, que venham a contribuir para o indispensável ganho de competitividade que garanta as metas oficiais de crescimento.
Senador (PMDB-MG) e presidente da Confederação Nacional do Transporte (CNT)
Compartilhe esta notícia
últimas notícias
22 de janeiro de 2021
Em webinar do Sistema CNT, especialistas
apontam oportunidades na aplicação da Lei de Proteção de Dados
21 de janeiro de 2021
Grande Recife propõe aumento de tarifa
nos horários de maior demanda e redução da passagem fora do pico