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28/11/2025
Ipea: Motocicletas lideram mortes no trânsito e elevam custos do SUS
FETRONORO Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea) lançou na quarta-feira (26) o estudo "Mortalidade e morbidade das motocicletas e os riscos da implantação do mototáxi no Brasil". A pesquisa revela a crescente participação das motos nos acidentes fatais e o impacto nos gastos públicos de saúde. A participação das motocicletas nas mortes por acidentes de trânsito saltou de 3% no final dos anos 1990 para quase 40% em 2023.
Esse aumento é proporcional ao crescimento da frota, que passou de cerca de 2,7 milhões de unidades em 1998 para mais de 34 milhões em 2024, representando atualmente cerca de 30% da frota motorizada nacional. O aumento da mortalidade foi ainda mais intenso, com as mortes de usuários de moto se multiplicando 15 vezes no período, tornando a motocicleta o veículo que mais mata no trânsito brasileiro. As motocicletas concentram cerca de 60% das internações por acidentes de transporte terrestre. Em termos de custos, as despesas públicas hospitalares com vítimas de moto consumiram mais de R$ 270 milhões em 2024, correspondendo a quase dois terços do total gasto com sinistros de trânsito.
Segundo o estudo, a carga da violência associada às motos é socialmente desigual, atingindo de forma desproporcional grupos vulneráveis. Cerca de 70% das mortes e internações por sinistros de motos ocorrem com pessoas de 20 a 49 anos, sendo o grupo de 20 a 29 anos o mais atingido, representando cerca de um terço das vítimas. Mais da metade das vítimas fatais tem ensino fundamental incompleto, e aproximadamente 90% têm, no máximo, ensino médio, indicando forte concentração entre grupos de menor escolaridade. O estudo utiliza esses dados para desaconselhar a regulamentação ampla do serviço de mototáxi.
Foto: Paulo Pinto/Agência Brasil