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18/08/2025
NTU: Especialistas defendem uso estratégico da inteligência artificial para aumentar eficiência e qualidade do transporte coletivo
FETRONORO painel "Inteligência Artificial e Gestão de Dados a Serviço da Mobilidade Urbana", mediado por Murilo Soares Lara, membro do Conselho Diretor da NTU, abriu espaço para apresentar tendências, casos práticos e desafios de adoção da tecnologia no setor.
O encontrou aconteceu na terça-feira, 12 de agosto de 2025, em Brasília (DF).
Murilo destacou que a IA está "na moda" em diversos segmentos, mas no transporte coletivo representa uma oportunidade concreta de avanços operacionais.
Celso Brandão de Oliveira Filho, fundador da AVEX e autor de Inteligência Artificial e o Futuro do Trabalho , comparou o potencial da IA ao da eletricidade, ressaltando ganhos de produtividade e qualidade. " As pessoas que usam ferramentas de IA generativa têm até 40% mais qualidade no trabalho e são até duas vezes mais produtivas ", afirmou. Para ele, as empresas devem priorizar casos de uso com melhor relação custo-benefício e adotar " ferramentas seguras, com governança e previsibilidade de uso ".
Modelos mentais e desafios globais
Celso Camilo, cofundador do All Center of Excellence e professor da Universidade Federal de Goiás, relacionou o avanço da IA a um ciclo histórico de demandas humanas transferidas para a tecnologia, agora com foco em capacidades cognitivas.
Segundo ele, países em desenvolvimento precisam " mudar o modelo mental " e assumir riscos para não ficarem para trás. " A energia para sair da inércia é muito maior que para manter o movimento ", afirmou, defendendo cooperação e parcerias para superar restrições orçamentárias.
Dados e experiência do usuário
Já Gustavo Vagner Nunes Balieiro, diretor da Bus2, destacou que qualquer aplicação de IA começa pela clareza do objetivo e pela qualidade dos dados. " Primeiro, qual é a informação básica de transporte? Rotas, horários e regularidade. Sem isso, não há IA que resolva ", disse.
Ele lembrou que, embora 95% das viagens programadas sejam cumpridas por operadores, apenas 67% atendem ao horário previsto, o que impacta a percepção do passageiro. Para Balieiro, a análise integrada de dados pode identificar quedas de demanda, otimizar a programação e criar incentivos para atrair novos usuários.
Mudança comportamental no volante
Rebeca Bezerra Leite da Fonte, cofundadora e sócia-diretora da Mobs2, reforçou que tecnologia sozinha não corrige falhas. " A verdadeira mudança começa no invisível, e a próxima revolução no transporte é comportamental ", disse.
Ela apresentou uma ferramenta de IA que monitora indicadores como EPK (erros por quilômetro) e personaliza jornadas de capacitação para motoristas. Empresas que adotaram a solução registraram reduções acima de 75% em acidentes graves e de 60% no índice de erros, resultados atribuídos à " educação contínua e comunicação direta com o motorista como parte fundamental da operação ".
Integração de sistemas e decisões em tempo real
Valmir Colodrão, conselheiro da PRIMOVA, defendeu a consolidação de dados de diferentes sistemas (bilhetagem, telemetria, monitoramento e ERP) em uma base única, permitindo consultas diretas e respostas imediatas.
"A pergunta que o chefe faz precisa ser respondida na hora, não depois de buscar em vários painéis", afirmou.
Segundo matéria publicada pelo Diário do Transporte em 5 de agosto de 2025, a PRIMOVA apresentou no Seminário da NTU a ExploreAI , solução pioneira no uso de inteligência artificial para manutenção de ônibus. A plataforma reúne dados de sensores, históricos de manutenção, bilhetagem e telemetria para prever falhas, reduzir custos e otimizar a disponibilidade da frota. A integração proposta pela empresa - e já utilizada pela ExploreAI - é, nas palavras de Colodrão, "uma mina de ouro" capaz de programar compras de peças com antecedência, identificar padrões de desgaste e oferecer relatórios consistentes a fabricantes e gestores.
No fechamento, Celso Camilo alertou que o entusiasmo não pode substituir o planejamento. " Comece pelo letramento dos C-levels e do board. Defina projetos de curto e longo prazo, com mentalidade adaptativa e governança para monitorar resultados. IA não é hype: é estratégia ."
Foto: André Bueno - Câmara de São Paulo-Ilustração
Matéria do Diário do Transporte