Ocorreu de forma online a segunda edição da Jornada Temática mediaX, cujo tema foi o processo de transformação digital, bem como seus efeitos sobre o ecossistema de inovação do transporte brasileiro. Promovido pelo SEST SENAT, o encontro consistiu em palestras de renomados professores da Universidade de Stanford, que falaram a uma plateia de empresários do setor transportador.

Na abertura do evento, o diretor adjunto do SEST SENAT, Vinicius Ladeira, representando o presidente da CNT, Vander Costa, ressaltou a importância de se manter uma mentalidade propícia à inovação. “Ao proporcionar esse momento com os mestres da Universidade de Stanford, nosso objetivo é conhecer pessoas, processos e tecnologias capazes de gerar a massa crítica necessária às transformações urgentes em nosso setor”, disse.

“É importante sair de encontros como o de hoje com mais dúvidas que certezas, pois é assim que continuaremos na trilha da inovação do setor de transporte – da alta gestão ao chão de fábrica, que é onde o SEST SENAT atua intensamente”, complementou Nicole Goulart, diretora Executiva Nacional do SEST SENAT.

A primeira apresentação do dia coube a Martha G. Russel, diretora executiva do Programa mediaX e pesquisadora sênior do Instituto de Pesquisas Avançadas em Tecnologia de Ciências Humanas da Universidade de Stanford. A especialista expôs o conceito de inovação ecossistêmica, ou seja, sustentada por redes de relacionamento, e ressaltou: “A dimensão humana é crítica nesse desenvolvimento. Isso significa que será fundamental uma nova alfabetização das pessoas que trabalham na linha de frente e tomam decisões”.

Em sua participação, o professor Michael Steep, diretor executivo do Programa Cidades Digitais, do Centro de Projetos Globais da Universidade de Stanford, trabalhou a ideia de “cadeia de valor continuamente conectada” e refletiu sobre os desafios de se processar um volume gigantesco de dados. Ele trouxe o exemplo BMW, cuja tecnologia embarcada alcançou tal nível de sofisticação que o sistema alerta a fábrica sobre a possibilidade de se repor peças no estoque no instante exato em que o veículo se acidenta. Segundo ele, há questões relacionadas a proteção de dados pessoais que precisam ser enfrentadas urgentemente.

Altamente instigante, a exposição do professor Michael Shanks, que é arqueólogo de formação, versou sobre as possibilidades preditivas do design. Para tanto, trouxe um estudo de caso sobre as transformações sofridas pelo objeto “carro” ao longo do tempo. “É um erro pensar que as mudanças são desencadeadas por tecnologias. São as tecnologias que refletem comportamentos. Por trás de tudo, sempre há pessoas”, provocou. O pesquisador discorreu, ainda, sobre a importância da contação de histórias (storytelling) e sobre os valores emergentes que precisam ser acompanhados de perto.

A Jornada Temática mediaX – Transformação Digital foi encerrada por Ram Rajagopal, professor associado do Departamento de Engenharia Civil e Ambiental da Universidade de Stanford. Diretor do Laboratório de Sistemas Sustentáveis da instituição, ele apontou quatro vetores para a transformação digital: descarbonização (da indústria e do transporte); resiliência (diante de eventos climáticos extremos, principalmente); acesso às tecnologias (ainda muito desigual); e digitalização propriamente (com custo mínimo). “Para construir soluções em um mundo de incertezas, temos de ser experimentalistas sem medo”, convidou.

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