O aumento no preço do diesel e outros insumos, associado à queda expressiva no número de passageiros, agravada com a pandemia, cria um cenário sem precedentes na crise nacional do transporte público, que tem mobilizado gestores municipais de todo o país em busca de novos modelos e fontes de financiamento.

O presidente da Frente Nacional de Prefeitos (FNP), o prefeito de Aracaju, Edvaldo Nogueira (PDT), aponta o caráter geral da crise, atingindo principalmente as capitais. Na Grande Aracaju, a tarifa do transporte público subiu 12,5% em maio, passando de R$ 4 para R$ 4,50. Apesar disso, por atrasos salariais, a greve de parte dos rodoviários na capital sergipana entrou ontem no quinto dia.

Em Belém (PA), o prefeito Edmilson Rodrigues (PSOL) aumentou a passagem de R$ 3,60 para R$ 4 em março.

Em Curitiba, a previsão da empresa que administra o sistema é de que a tarifa técnica, que já ultrapassou os R$ 6,30, chegue a R$ 7,20 até fevereiro de 2023. A tarifa técnica representa o custo real por passageiro e é paga pela prefeitura às empresas de ônibus esse valor subiu 32% desde 2019. Para os usuários, a passagem subiu R$ 1 em março, de R$ 4,50 para R$ 5,50.

Apesar do impacto maior nas capitais, os reajustes também têm ocorrido em cidades de menor porte, como Caxias do Sul (RS), onde a tarifa passou recentemente de R$ 4,75 para R$ 5,50, e Ubatuba (SP), que aumentou a passagem de R$ 4,50 para R$ 5 ontem.

Em meio a negociações salariais, rodoviários de São Paulo estão mobilizados, com chance de greve nos próximos dias, segundo o Sindicato dos Motoristas e Trabalhadores em Transporte Rodoviário Urbano.

Conforme levantamento do Instituto Brasileiro de Defesa do Consumidor (Idec), foram pelo menos 56 ocorrências no país, incluindo greves, contratos rompidos ou intervenções no sistema, entre dezembro de 2020 e maio de 2021.

Além de Salvador, onde o valor da tarifa passou a valer, no sábado (4), R$ 4,90, capitais como Belo Horizonte, Fortaleza, Goiânia, João Pessoa, Maceió, Manaus,

Natal, Porto Alegre, Recife, São Luís, São Paulo e Vitória enfrentaram greves ou paralisações do sistema durante a pandemia. No Rio de Janeiro (RJ), a exemplo do que ocorreu na capital baiana, houve intervenção no sistema.

Associação Nacional das Empresas de Transportes Urbanos (NTU) calcula que as tarifas de transporte público podem subir 15,4% este ano, pressionadas pela alta do combustível, segundo maior custo do setor. De acordo com a entidade, o último reajuste de 8,9% do diesel anunciado em maio pela Petrobras impacta em 2,9% nas tarifas dos ônibus. Somente este ano, o combustível já aumentou 47%.

Preocupados com o cenário, prefeitos de todo o Brasil continuam buscando a aprovação do projeto de lei que tramita na Câmara dos Deputados. Já aprovada pelo Senado, a proposta prevê um subsídio federal de R$ 5 bilhões anuais para custear a gratuidade dos passageiros idosos.

Correio da Bahia

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