O ônibus urbano é responsável por um quarto de todos os deslocamentos de pessoas no Brasil diariamente. Entretanto, responde por apenas uma a cada 300 mortes no trânsito, ou seja, 0,32% do total, segundo o Sistema de Informações sobre Mortalidade do Ministério da Saúde. Com isso, podemos afirmar que o ônibus urbano é o meio de transporte mais seguro que existe. No outro extremo, vale lembrar que as motos, que transportam apenas 4% das pessoas, respondem por 36,37% dos óbitos no trânsito.

Especificamente no contexto do ambiente urbano, temos a velocidade reduzida dos ônibus e as medidas de priorização – vias e faixas exclusivas – como principais fatores que contribuem para o reduzido número de acidentes fatais e a baixa severidade das ocorrências. Se ampliarmos essa priorização, teremos uma redução ainda maior dos sinistros.

META. Segundo a Pesquisa Perfil Empresarial do Transporte Urbano de Passageiros, feita pela Confederação Nacional do Transporte (CNT) em parceria com a Associação Nacional das Empresas de Transportes Urbanos (NTU) e divulgada neste mês de agosto, 82,8% das empresas de transporte coletivo urbano se envolveram em algum acidente de trânsito em 2022. A maioria deles foi de menor gravidade, sem vítima, e a frequência por veículo é pequena.

O estudo revela, ainda, que 55,2% das empresas tiveram menos de um acidente por ônibus em operação no último ano. Considerando que fazem entre 10 mil e 25 mil viagens por mês, vislumbra-se que, em termos percentuais, a quantidade de ocorrências com ônibus é ínfima. Mesmo assim, há um compromisso do setor em promover uma cultura de segurança e reduzir ainda mais esses números, chegando a zero acidente com vítimas.

ALIADOS. Os recursos tecnológicos são fundamentais para a atividade diária do transporte público, como as câmeras de monitoramento que previnem e elucidam crimes, bem como acidentes em geral. Todos os veículos contam com tacógrafos, que controlam sua velocidade, e 54% da frota possui sistemas de telemetria que rastreiam e monitoram os ônibus e repassam as informações para centrais de controle. Há, também, a aferição do desempenho dos motoristas, o que contribui muito para a segurança.

O grande desafio é que os ônibus normalmente circulam no tráfego intenso de veículos individuais, carros e motos que competem pelo espaço, e que, muitas vezes, provocam ou se envolvem em acidentes. É fundamental levar em conta a falta de investimento em infraestrutura adequada nas vias urbanas por parte do poder público concedente, o que, de um lado, expõe os ônibus, e, por outro, incentiva o uso do transporte individual e contribui para o aumento de acidentes.

Não se ouve falar em colisões do metrô, por exemplo, que trafega em vias totalmente separadas e protegidas. No caso dos ônibus, os tipos mais comuns de sistemas segregados são as faixas e os corredores exclusivos. As faixas são dedicadas apenas ao uso dos ônibus e não deveriam ser utilizadas por nenhum outro tipo de veículo convencional, exceto em conversões.

CAPACITAÇÃO. Já nos corredores exclusivos, há uma infraestrutura (faixas e estações) específica para o transporte por ônibus, que, em geral, está localizada no canteiro central ou em uma faixa preferencial. A NTU apresentou proposta ao governo federal para a implantação de 9 mil quilômetros de priorização para os ônibus nas vias das cidades com mais de 250 mil habitantes, o que melhoraria substancialmente o desempenho e a segurança.

Todas as empresas operadoras buscam profissionais habilitados que passem por treinamentos e reciclagens regulares. A maioria investe em capacitação interna, tem programas de prevenção de acidentes e promove até competições entre os colaboradores, valorizando quem apresenta os melhores resultados na condução dos veículos.

No que se refere à prevenção de acidentes, é importante destacar a atuação do Sest-Senat, sistema que oferece atualmente mais de 270 cursos de qualificação aos trabalhadores do setor.

Podemos citar, por exemplo, o Curso Especializado para Condutores de Veículos de Transporte Coletivo de Passageiros, que cumpre os procedimentos definidos na Resolução 168/2004, do Contran, e é ofertado por unidades em todo o País, entre outros treinamentos, com foco na segurança.

Francisco Christovam – Presidente executivo da NTU

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