Após o impacto gerado pela redução na demanda de passageiros -consequência da pandemia do novo Coronavírus (Covid-19) -, o segmento do transporte rodoviário de passageiros tem um novo desafio a enfrentar: a alta do preço do diesel, que chegou a 60% no período de 12 meses. O combustível, responsável por mover as frotas de ônibus do País, é fundamental para que o serviço de transporte continue a ser apresentado para a população. Segundo dados da Associação Nacional das Empresas de Transpores Urbanos (NTU), o diesel corresponde, em média, 26,6% do custo total das empresas operadoras do transporte coletivo de passageiros. Também de acordo com a NTU, a demanda de passageiros transportados caiu pela metade na pandemia, resultando num prejuízo acumulado, no país, de mais de R$21,37 bilhões no período. Esse prejuízo, afirma a NTU, já fez com que 52 empresas suspendessem a prestação dos serviços ou permanecessem sob intervenção ou recuperação judicial, até o momento.

Especialistas apontam que a saída para superar o colapso sem que haja aumento nas tarifas é pautada em três pontos. O primeiro é a viabilização de novas formas de custeio dos serviços de transportes públicos que não dependam somente das tarifas, como a implementação de subsídios para o setor, por exemplo. Depois, a redução dos custos operacionais sem redução da oferta de transportes e, ainda, ações em infraestrutura que deixam os ônibus mais eficientes e com maior velocidade operacional, como mais faixas, corredores e preferência em cruzamentos.

O Secretário-geral do Sindicato das Empresas de Transporte de Passageiros do Estado do Espírito Santo (Setpes) -chama a atenção para necessidade de enfrentamento a este novo desafio, que não é apenas do segmento de transporte de passageiros, mas de todo o setor de transportes.

“O impacto deste cenário para as empresas é muito grande! Há a necessidade de pagamento, por parte das empresas, de outros custos, como a folha de pagamento e a manutenção de veículos. Por isso, é inviável manter um gasto tão elevado com insumos. Precisamos urgentemente de uma solução compartilhada para essa questão”, argumenta o dirigente.

Posicionamento

Em recente entrevista, o presidente-executivo da NTUOtávio Cunha, se posicionou, afirmando que a alta do diesel nos níveis atuais compromete de forma irreversível a recuperação do setor de transporte público.

Num cenário que junta reajuste de salários de motoristas e cobradores a inflação em alta, as tarifas do transporte público em todo o país poderão subir em média 50%, e mais uma vez culpa a omissão do governo federal diante da crise do transporte coletivo no país como um dos fatores principais do problema. “A manutenção das atuais regras dos contratos de concessão podem levar ao aumento no custo final do transporte para o passageiro”, afirmou o dirigente.

Diário de Notícias – ES

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